sábado, 6 de novembro de 2010

Existir, por certo, relacionar-se

Existir talvez seja complicado, ou complexo demais, mas a vida sempre nos oferece interessantes realidades que podem nos levar para o melhor de nossa existência. Pensar sobre essas realidades, e elas não são transferíveis, pois cada qual tem a sua, seria o começo de um viver com leveza e graciosidade. Mas, é muito necessário um entender melhor quem somos e qual é a nossa relação com o mundo e a vida no mundo. Entende-se que somos seres de relacionamentos. Seja no encontro com a outra pessoa ou na intimidade com o nosso “eu”. Tem-se visto, de maneira muito freqüente, pessoas não se dando conta da passagem de sua própria vida, justamente, por não se verem como um ser de relação com o mundo e, isso se dá, tenho por mim, pela incapacidade de sentir seu próprio existir. Pois na vida, muitas coisas são prescritas para que a comunicação com o outro seja de qualidade; o bom dialogo, o olhar de um bom contemplar e o de buscar sempre o melhor entre nós em nós. Por certo somos o tempo todo, levados a vermos o que esta fora de nós, e isso, muito superficialmente, talvez, por isto a dificuldade de concentração em nós mesmos para entendermos as nossas relações com o externo.
Vivemos em sociedade da transparência, como nos afirma Buman, sociólogo da atualidade, em seu livro “Amor Líquido”, onda trata das fragilidades dos laços e das relações humanas, ou seja, a falta de compreensão do que é relação ou o outro nas relações. Como se sabe, relacionamento requer investimento; seja de tempo, esforço, dedicação, parceria, compreensão, quando isto não acontece o dilema está instalado, ou seja, a desolação de tempo perdido e trabalho desperdiçado como esforço inútil. Entende-se com isto que, enquanto não repararmos no que há de bonito na vida e não nos deixarmos que as coisas que de ruim sejam o caminho que rotiniza o nosso respirar, então, aí, cria-se a possibilidade de nos vermos como agente de nosso viver e conviver. A busca por um bem viver tem sucumbido, em muitos casos, em algo que satisfaça o imediato e o que nos alivie como um anestésico, ou seja, algo que passe a dor do momento sem preocupação com o sintoma. Por isso que, estamos vendo a dor em muitas pessoas e elas não conseguem resolver suas dores, jogado-as em cima de outros ou de outras pessoas para alivio de suas tensões. Quando vivermos o bom relacionar-se consigo mesmo e o enxergar o que em nós está, possivelmente se consiga, então, uma melhor saúde nos relacionamentos.
De uns tempos para cá, me deparei com muita gente, ainda me deparo, e fico olhando-as tentando entende-las por que tanta amargura e essa facilidade para a maldade. Christopher Lasch, em seu livro ”no mínimo eu”, trata de uma questão muito importante da natureza humana, mais descuidada. Ou seja, existem muitas pessoas que estão cada vez mais em busca de seus próprios interesses, valorizando somente o que fazem e o que lhes interessam. Pois, se assim continuarmos, chegará o momento em que o mundo e a relação com a vida perderão a essência, para tais pessoas. É preciso não perder a essência da vida e nem o seu sentido. E esse é um exercício de humanização cabendo a cada um de nós a responsabilidade, que vai passar, é claro, pelos laços do bem relacionar-se. Sendo assim, o existir, por certo, valerá a pena e a relação com o mundo e a vida terá sentido.

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